Mordidas na Educação Infantil , o que fazer!!
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Ai, que
vontade de morder
Por Jaciara de Sá -
Professora
Antes de
falar, muitas crianças usam os dentes para se comunicar. Saiba aqui como
lidar com as mordidas.
A equipe
do CEI Santo Antonio, em São Paulo, enfrentou uma situação delicada em
2006. Uma avó, ao buscar o neto, saiu dizendo para a filha que a creche
estava cheia de pitbulls, pois a criança de 2 anos tinha as marcas dos
dentes de um colega no rosto. Outra mãe ouviu o comentário e foi reclamar
com a direção da escola. "Ela sabia que é comum morder nessa fase da
infância e não concordava com o rótulo dado para a turma de seu filho",
lembra a coordenadora pedagógica, Elizabeth Bilezikjian.
Administrar bem as mordidas favorece o desenvolvimento infantil e a
interação entre os colegas, ajuda as crianças a perceberem outras formas
de expressão e impede rótulos e estigmas infundados.
Muitos
professores enfrentam constantemente o choro de dor de uma criança e a
reclamação de um pai indignado. Apesar de comum, a situação é um desafio
na Educação Infantil. Afinal, por que os pequenos gostam tanto de morder?
Um dos
motivos é a descoberta do próprio corpo. Desde o aparecimento da dentição
até por volta dos 2 anos, eles mordem brinquedos, sapatos e até os
próprios pais, professores e amigos para descobrir sensações e movimentos.
O psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962) escreveu que assim a criança
constrói seu "eu corporal". "É nessa fase, em que ela testa os limites do
próprio corpo, onde o dela acaba e começa o da outra pessoa. E os dentes
que estão nascendo estão em evidência", explica Heloysa Dantas, professora
aposentada da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O
austríaco Sigmund Freud (1856-1939) também ajudou a entender as dentadas.
O fundador da psicanálise definiu como fase oral o período em que a
criança sente necessidade de levar à boca tudo o que estiver ao seu
alcance, pois o prazer vital está ligado à nutrição. Ela experimenta o
mundo com o que conhece melhor: a boca.
Outra
razão é a necessidade de se comunicar. Os pequenos não dominam a linguagem
verbal e utilizam a mordida para expressar descontentamento e irritação ou
para disputar a atenção ou objetos com os amigos. Amor e carinho também
podem ser expostos com uma mordidela, como fazem os adultos ao afagar os
bebês.
"O
professor precisa perceber qual sentimento está em jogo para agir sem
drama", destaca a psicopedagoga Denise Argolo Estill, da clínica Infans
Unidade de Atendimento ao Bebê, em São Paulo.
Sem
rótulos nem drama
A
separação dos pais e algumas situações novas vividas na escola podem gerar
desconforto e insegurança. Sem poder falar, os dentes viram um recurso de
expressão. Assim, fica fácil compreender por que as crianças que mordem
não podem ser rotuladas. Além da descoberta do corpo e da expressão de
sentimentos, elas ainda estão construindo a identidade. Quando
estigmatizados, os pequenos sentem dificuldade em desempenhar outro papel
que não o de agressor. "Eles podem ter dificuldades de se relacionar. O
que seria uma fase transitória pode se cristalizar num comportamento
permanente", explica Denise.
Para
evitar que a história dos pitbulls se espalhasse e gerasse um mal estar
maior entre os pais, a coordenação do CEI Santo Antonio chamou todas as
famílias para uma conversa. Não revelou para a avó indignada quem deu a
mordida e acalmou os ânimos da mãe irritada com o comentário ouvido na
porta da escola. Na reunião, os pais aprenderam sobre o significado da
dentada e se deram conta de que a situação é muito comum, tanto em casa
como na escola, e não se trata de negligência por parte dos adultos.
A
adaptação escolar é o período em que as mordidas mais aparecem. A
professora Elsie Claire Canelas, do Jardim da Infância do Esporte Clube
Pinheiros, em São Paulo, sabe que nessa época sua intervenção deve ser
maior. "Peço à criança que mordeu que ajude a massagear a outra, a pôr
gelo no ferimento. O colega mordido vai se sentindo melhor até parar de
chorar". Compreender essas questões pode ajudar professores e pais. Mas,
ainda assim, o desafio permanece.
Como
tratar os que mordem
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TEXTO - 2 | ||||||
A fase
das mordidas
Nos maternais, a fase das mordidas entre
as crianças sempre causa muitas confusões. Geralmente, é um assunto
delicado para pais e educadores. Os pais da criança que mordeu se sentem
constrangidos e culpados enquanto a família da criança que foi mordida se
sente agredida e se questiona com relação aos cuidados que o filho está
recebendo no ambiente escolar. Educadores precisam esclarecer e saber como
lidar com a situação.
Em primeiro lugar, é importante que se
saiba que esse comportamento de morder faz parte do desenvolvimento, é
normal até os três anos de idade e passa quando a criança adquire novas
habilidades.
O bebê entra em contato com o mundo
através da boca, é seu modo de reconhecer os objetos, experimentar,
sentir, por isso sempre que se interessa por algo quer levar à boca.
Também a utiliza para rejeitar ou aceitar alimentos, se comunicar, sorrir,
chorar, balbuciar...
As mordidas também são uma forma de
comunicação e de se conhecer o outro. A princípio, as crianças não sabem
avaliar as conseqüências de suas mordidas e nem a força que podem colocar.
Às vezes, o ato de morder é um modo de estar perto do amigo que gostam, de
partilhar uma intimidade, como comer alguma coisa gostosa.
Nessa fase, a criança ainda está
acostumada a ter seus desejos atendidos prontamente, sendo comum
demonstrar sua insatisfação, por meio de mordidas, enquanto não aprende a
falar direito.
Cada criança tem seu modo de reagir
diante do que sente e do que acontece ao seu redor. Quando contrariadas ou
nas disputas por brinquedos, algumas choram, esperando que um adulto
ajude, outras reagem mais intensamente, batendo ou mordendo. Morder também
pode ser uma maneira da criança lidar com sua ansiedade, já que ainda não
consegue organizar e compreender direito suas emoções, ela descarrega o
ciúmes, a insegurança na mordida.
É preciso ter calma quando acontece este
comportamento, conversar com a criança, mostrar que dói. Com o tempo,
conforme a criança vai aprendendo a se comunicar melhor através da
linguagem, começa a trocar as mordidas pelas palavras, conseguindo aos
poucos, organizar e expressar seus sentimentos e insatisfações de outra
forma.
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TEXTO - 3 | ||||||
Mordida
Este é certamente um dos
maiores temores de mães com filhos em berçários e escolas de Educação
Infantil. Claro, ninguém gosta de ver aqueles sinais doloridos na pele de
seu filho. Mas, como qualquer um corre esse risco, é preciso entender o
que isso significa.
Antes de tudo, é preciso
considerar que para a criança a mordida não é uma arma, como seria para um
adulto. É antes, uma forma de expressão.Desde que o bebê nasce, é pela
boca que ele percebe o mundo. Não apenas pelo ato de sucção e das mamadas,
mas pelo choro, pelo riso, pelo balbuciar. À medida que cresce e com o
surgimento dos dentes, esse processo continua, e morder também passa a ser
uma forma de interagir com o mundo, de perceber a consistência de um
objeto e também de provocar reações. Os adultos também fazem isso ao dar
mordidas carinhosas nas crianças.
Portanto, para
compreender as mordidas, é necessário levar em conta o contexto em que
ocorrem. Geralmente, estão associadas ao sentimento de contrariedade, de
frustração, de ansiedade, de raiva, de ciúmes, de busca de atenção.
Praticamente, toda criança entre um e três anos lançará mão desse
recurso...
Seja qual for a causa, é
importante não taxar a criança de mordedora, porque isso vai gerar a
expectativa de que ela volte a morder, o que pode realmente levar a mais
mordidas. O melhor é tratar o fato com tranqüilidade, e mostrar à criança
que o que ela faz provoca dor, machuca. E, além disso, ensinar que existem
outras formas de expressar seus sentimentos.
Baseado no texto
Mordidas: agressividade ou aprendizagem?
de Ana Maria Mello e Telma Vitória) |
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TEXTO - 4 | ||||||
As
mordidas na escola
Não é raro encontrar
queixas de pais que, ao buscarem seus filhos na escola os encontram
mordidos por algum coleginha. Geralmente são crianças pequenas, que estão
aprendendo a dividir seu espaço com outras crianças da mesma idade.
Nesse período estão
aperfeiçoando seus sentidos e agora fora dos cuidados dos pais e
precisando dividir a atenção dos adultos com outras crianças. Não é fácil
para os pais assimilarem essas mordidas sem mágoa ou indignação de alguém,
que não se conforma com a situação ao ver seu filho tão desprotegido,
agora marcado pelos dentes de um colega. Tão desagradável quanto, é a
situação dos pais da criança que morde. E assim uma cascata de cobranças
começa em cima da escola, por não ter profissionais suficientes. E se tem,
não estavam atentos aos ocorridos. Vale lembrar que as crianças estão em
fase de amadurecimento e conseqüentemente estão aprendendo a exteriorizar
suas angustias; medos, frustrações, anseios e descobertas. Através do
sistema nervoso central começam a elaborar o tato, o olfato, o paladar, a
visão, e a audição.
Conseqüentemente com as
novas descobertas aprendem a usar as mãos, os dentes, como instrumentos de
defesa. Numa fase anterior, talvez tenha sido o choro o instrumento mais
usado para marcar a atenção. Não é fácil para a criança aprender a
conviver com outras crianças da mesma faixa etária, que também disputam
atenção. A mordida faz parte dos mecanismos de defesas mais primitivos do
homem.
Quando ele não consegue
outra forma de comunicação, ou explorar o ambiente da forma que lhe agrada
é possível que use esse artifício para marcar seu espaço. Cabem aos pais,
professores, não supervalorizarem a mordida em si, e sim as causas que
levaram uma a morder, e a outra a permitir ser mordida. Quanto à escola,
sabendo que está engajada com crianças que estão na fase de dividir,
interagir. E se para nós adultos isso já não é tão simples, imagine para
uma criança. É necessário trabalhar de forma lúdica pedagógica os
sentidos, os gostos, o afeto e a divisão de espaço necessária para uma boa
convivência.
Acredito ainda, que os pais
devam ficar cientes que isso é um fato comum nas salas de aula onde
convivem crianças que estão ainda em fase de amadurecimento do Sistema
Nervoso Central. Elas experimentam as reações dos outros através de suas
ações e conseqüências.
Os adultos necessitam usar
de coerência e não supervaloriza a mordida. Muitas vezes, crianças que
mordem na escola são crianças mais possessivas que querem atenção
exclusiva, filhos únicos, filhos de pais que estão em processo de
separação, ou ainda crianças que estão com irmãozinhos recém nascidos em
casa. De alguma forma ele precisa extravasar suas angustias e ansiedades.
Como ainda não tem um repertório de vocabulário eficiente para
comunicar-se utilizam o mecanismo da mordida como manifesto. Um trabalho
em grupo, com argila, onde se trabalha a função da boca, dos dentes, da
língua, da saliva, dos lábios, etc., acaba sendo um instrumento pedagógico
bastante eficaz.
Desta forma ele vai
assimilar as funções e conseqüentemente o professor vai poder interpretar
melhor a conceito interior de seus conflitos internos. A questão da
mordida deve ser trabalhada dentro da escola. E as causas das mordidas
precisam de uma avaliação mais minuciosa entre os pais e a equipe
pedagógica, para juntos reconquistarem a harmonia entre os pequenos, os
pais e a escola.
Vale lembrar que somos
todos inocentes, tanto a criança que agride através da mordida,
expressando seus conflitos internos, quanto à criança que não aprendeu
seus mecanismos de defesas. Os pais que entram em angustias ao defenderem
seus pequenos, quanto à escola que depara com essa situação e muitas vezes
se sente impotente ao receber o rótulo de negligente. A coerência entre os
adultos é a melhor forma de suavizar esses pequenos conflitos diante da
vastidão de angustia do mundo dos adultos.
A pedidos da aluna:Edna Susan Turma:2010/01
Alessandra AlvesOrientadora Academica em EaD- Edusol Catedral |
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